quinta-feira, 24 de março de 2011

El Chaltén/ Patagônia

El Chaltén foi nosso último destino na Patagônia. Eu resumiria dizendo o seguinte : QUERO VOLTAR LÁ!! Fiquei com um enorme gostinho de quero mais , muito mais!!! Primeiro, porque tivemos apenas um dia para conhecer essa cidade, o que é impossível para um lugar extremamente rico em trilhas e paisagens divinas. Não por acaso é considerada a capital nacional do Trekking. Segundo, porque pegamos chuva, neblina e muito vento, o que limitou nossos planos para o dia. Aliás , o clima em Chaltén é um verdadeiro desafio. É possível pegar sol , chuva e neve no mesmo dia, razão pela qual , para quem deseja explorar a região, precisa se programar para pernoitar por algumas noites e contar com a sorte.


Bem , meu roteiro contava com muitos planos para Chaltén . Quanto mais lia sobre a cidade , suas trilhas , vales, montanhas, cachoeiras e lagoas , mais a vontade de ver tudo aquilo de perto, crescia. Todos os relatos que li eram cheios de paixão e só indo a Chaltén para entender. Agora eu entendo! Chaltén é mesmo memorável, destino certo de montanhistas e amantes do trekking.

Fechamos um serviço de transfer ofericido pelo nosso hotel em El Calafate até Chaltén. Pagamos 200 pesos por pessoa ( estávamos em 04 ) pelo transfer. De El Calafate a El Chaltén são duas horas de estrada  boa, reta quase do inicio ao fim. A paisagem do percurso é belíssima!! Quase chegando à Chaltén , se o clima ajudar , já é possível avistar o imponente, magnífico monte FitzRoy. Ele parece abraçar a pequena Chaltén, como uma moldura. Tão alto, que de longe é possível avistar suas "garras". Aliás , só o que pude ver dele, seu cume e mais nada. É, o tempo não quis colaborar....


Muito frio


Na estrada deparamos com os fofos guanacos, tão a vontade que parecem acostumados com os visitantes que param no meio da estrada para fotografá-los.



Guanaco

Assim que chegamos em Chaltén fomos até o centro cívico colher informações acerca do que seria possível fazer com segurança em um dia chuvoso como aquele. É... como eu havia escrito , para desfrutar da cidade precisaríamos dormir por lá e esperar ver o que a natureza guardava para o dia seguinte. Infelizmente , não contávamos com essa disponibilidade. Tudo bem , nada de desanimar, afinal estávamos na Patagônia e havíamos nos deslocados de El Calafate até ali . Eu não deixaria barato rsrs

Resolvemos seguir debaixo de chuva até a cachoeira Chorrilo Del Salto. A caminhada era leve, coisa de vinte minutos. O que dificultava era o frio e o vento intenso. Para ir a Chaltén roupa adequada é condição indispensável para fazer os passeios sem morrer de frio.


Chorrilo Del Salto



A caminhada foi uma espécie de bate e volta correndo para o carro aquecido. Mesmo com roupa impermeável o frio era cortante. Eu rezada a cada passo para chuva cessar até a hora de voltar para Calafate, não sem que antes eu pudesse ver o monte Fitz Roy. Acho que eu estava com ideia fixa. Marcos e nossos amigos já não aguentavam mais ouvir falar no assunto. O que todo mundo queria era se aquecer e não pegar uma hipotermia. Mas eu ainda queria ver o Fitz Roy.

Após a caminhada até a cachoeira fomos almoçar. Preferiria pular essa parte , porque meu almoço foi um desastre e isso para mim é.... bem, deixa para lá! Não quero que tenham a impressão de que fico de mau humor quando algo sai diferente do que planejei. Bem , Marcos e  nossos amigos que o digam. A verdade é que eu havia planejado almoçar em uma pequena taberna de madeira , bem rústica , mas não menos encantadora. Mas fui vencida pela maioria que escolheu outro lugar, cujo nome sequer lembro, para a refeição do dia. Já que eu não havia almoçado onde havia planejado, ia ao menos tentar uma outra trilha (antes que os demais do grupo me matassem hehe). Decidimos "consensualmente" ir de carro até o lago Del Desierto.








 Com a chuva, a estrada de terra ficou uma $*&&*#@@@ , de maneira que os 80 km percorridos foram feitos no dobro do tempo. Eu não me importei , pois a paisagem preenchia todo o meu ser. E o lago tem um tom de verde esmeralda que eu jamais vi. Cenário de filme mesmo. Não deu para demorar muito no lago, apenas o suficiente para fotografar e voltar para percorrer os 80 km de volta ao centro de Chaltén.




Lago Del Desierto



Verde esmeralda

Inacreditável, mas o tempo começou a melhorar justamente quando nosso tempo se esgotava e eu ainda não havia visto o Fitz Roy. Imagina uma pessoa falando isso o dia inteiro. Eu sei , eu sei. Um saco!!! Mas essa sou eu quando coloco uma coisa na cabeça.



Estrada voltando para El Calafate

Terminamos o passeio no mirante que esqueci o nome, na saída da cidade, de onde mais uma vez avistei o cume do... já sabem!


Cume do Fitz Roy

Voltamos com o sol dando o ar da sua graça lá pelas 07 da noite. Ahh lá escurece bem tarde mesmo. 
Nessa altura eu não havia morrido de frio , mas corria o risco de morrer de fome. PS: não comi nada no tal lugar escolhido pela maioria democrática do grupo. O jeito foi devorar meus havanettes e conversar sem parar com o motorista que a essa altura ameaçava dormir ao volante. Isso no meu "portunhal", que não entende o que o outro fala e não sabe se o outro entende o que eu digo. Mas falei a viagem inteira na volta.

Chegamos no hotel vivos e, no meu caso, faminta. Foi a conta de tomar banho e sair para jantar em Calafate.

Fomos jantar no La Taberna, cuja especialidade para fechar com chave de ouro meu dia , é carne. Finalizei minha noite comendo omeletes. Os demais comeram carne e ,segundo seus testemunhos , boa.

Pode parecer que meu dia foi pedido , mas em absoluto isso é verdade. Amei cada cantinho de Chaltén e  me resta uma promessa feita a mim mesma : voltar a El Chaltén , fincar pé até ver por inteiro o monte Fitz Roy, ver o nascer do sol dar a tonalidade laranja em seu entorno, ver de perto a laguna Súcia e todas as mais cores dessa cidade encantadora.

Há muitas trilhas a serem percorridas em El Chaltén. A cidade é bem pequena , com poucos habitantes e o que mais se vê por lá são mochileiros atrás de aventura e auto conhecimento. Gente de todo canto do planeta caminhando, em grupo ou solitários , absortos pela contemplação de tamanha beleza. Há , por lá , muitos albergues e acampamentos. As trilhas são seguras e bem sinalizadas. A melhor época para ir é na segunda quinzena de Outubro até maio, quando a chance de aproveitar tudo que o local oferece é maior. Ahh e as cores do outono dão um toque a mais aos olhos de quem tem a chance e o enorme prazer de ver essa maravilha perdida na Patagônia.

5 comentários:

  1. Amiga como é bom ler suas postagens!! Você escreve com amor e riqueza nos detalhes, o que imediatamente desperta a vontade de conhecer o lugar, de preferência na sua companhia!!
    Vivo repetindo que ainda faremos uma viagem juntas!!! Mentalizando pra acontecer, rsrs.
    Bjo grande e parabéns pelo post!!!

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  2. Linda! Você mora no meu corãção. Certeza eu tenho que faremos uma viagem deliciosa juntas.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá Kamila,
    Exatamente em que mês e ano você foi a El Chaltén?

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  5. Olá Marina! Desculpe a demora em responder. Fomos no mês de setembro, início de outubro.
    BJS

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